Nota do editor: projeto inicialmente lançado em 9 de junho de 2023.
Como homem transexual negro, passei anos a procurar um espaço onde sentisse que tinha valor. Em 1987, finalmente encontrei-o num Ballroom.
O Ballroom salvou e continua a salvar inúmeras vidas de indivíduos LGBTQIAP+ de cor, especialmente as pessoas transgéneras e pessoas não binárias. Enquanto subcultura que começou a partir da resistência no século XX, as pessoas LGBTQIAP+ negras e latinas começaram a reunir-se para concursos, mostras de arte e performances. Cada membro da comunidade pertence a uma casa, que muitas vezes serve como casa para pessoas excluídas pelas suas famílias e pela sociedade em geral.
Enquanto continuamos a celebrar o Orgulho, devemos compreender as raízes e o impacto desta cultura que cultivou o renascimento queer negro e latino, e é por isso que estou tão orgulhoso de partilhar a exposição Ballroom in Focus no Google Arts & Culture: a maior coleção de material de arquivo sobre a cultura de ballroom reunida num único local. O projeto reúne imagens nunca antes digitalizadas com mais de 25 histórias, com curadoria, provenientes diretamente dos próprios líderes e ícones do Ballroom.
Ao trabalhar com membros da comunidade e com os seus próprios arquivos fotográficos, o Google Arts & Culture estabeleceu uma parceria com a Destination Tomorrow e com Ceasar Williams, especialista em cultura Ballroom, para digitalizar mais de 1.000 imagens desde a década de 70 até aos dias de hoje. A preservação destas imagens e arquivos é essencial para homenagear os pioneiros que fizeram do Ballroom a potência cultural que é hoje. Ouvir Junior LaBeija a partilhar as suas memórias, ou explorar a coleção pessoal de fotografias de Luna Luis Ortiz, é um poderoso lembrete de que a Vogue de Madonna ou Renaissance de Beyoncé não aconteceram por acaso - ambos são provenientes do Ballroom.
Então aproveite para mergulhar na cultura do Ballroom, seja a explorar por Período ou por Ícones. Para começar, aqui estão 5 das minhas histórias favoritas do projeto:
1. O que é a Cultura Ballroom? Vamos começar pelo princípio
A história de origem do Ballroom remonta ao período do renascimento do Harlem, mas a Ballroom que conhecemos hoje iniciou-se realmente na década de 1970. Começando como um movimento de resistência ao racismo, o Ballroom foi uma forma de luta pelos direitos civis da comunidade LGBTQIAP+ negra e latina de Nova York.
2. Conheça as Matriarcas Fundadoras. As Pioneiras e as estruturas das casas são uma parte integral do Ballroom.
As Matriarcas Fundadoras do Ballroom: Crystal LeBejia, Pepper LeBejia, Paris Dupree, Avis Pendavis, Angie Xtravaganza, Dorian Corey + Duchess, eram mulheres transexuais negras e latinas que foram fundamentais para o estabelecimento da cultura de Ballroom e estruturas das casas.
3. Willi Ninja foi o padrinho do Vogue e uma inspiração.
Devemos agradecer a Willi pela forma como o Ballroom abriu caminho para uma consciência cultural mais ampla. O seu papel significativo no documentário Paris is Burning de 1990, mostrou-o como um pioneiro em coreografia e na técnica de dança. O documentário Paris is Burning ajudou a levá-lo ao sucesso comercial, com projetos que vão desde videoclipes a filmes e à TV.
4. Saiba como surgiu a digitalização. Como começamos este projeto?
A comunidade Ballroom reuniu-se para contar as suas próprias histórias e para construir a parte visual da sua história que homenageia a alegria, a dor, a resiliência, a competitividade e a destreza no Ballroom. Esta coleção de arquivos foi totalmente possível graças à comunidade Ballroom. A partir dos seus álbuns e objetos pessoais partilharam imagens raras e nunca antes vistas que foram digitalizadas para fazer este arquivo digital.
5. A fotógrafa Chantal Regnault registou algumas das imagens mais icónicas da cultura Ballroom
O trabalho de Regnault foca a interseção de moda, dança e identidade dentro da comunidade Ballroom. Chantal começou a fotografar a cultura de Ballroom no final dos anos 80, capturando imagens icónicas de voguers, dançarinos e figurinos e poses criativas que definem a cultura.
Quer já faça parte da cultura Ballroom ou apenas está a aprender mais sobre o tema, acredito que este projeto e as suas histórias da comunidade, criatividade e justiça irão marcá-lo. Descubra o projeto Ballroom em goo.gle/ballroom ou conheça mais histórias LGBTQIAP+ no hub Pride do Google Arts & Culture.